Grande erro de Bolsonaro foi julgar que uma ditadura poderia ser considerada “liberal”

João Doria on Twitter: "Jornal The New York Times publica charge chamando Bolsonaro de “ditador” e ridicularizando sua micareta de tanques de guerra. Bolsonaro já era uma vergonha nacional. Agora se torna

Charge do Duke (O Tempo)

Roberto Nascimento

Ao contrário do que se apregoa, os valores liberais não são defendidos pela direita extremada que Jair Bolsonaro representa. O liberalismo moderno, ao se opor ao socialismo, nunca se posicionou contra a ciência ou contra a preservação do meio ambiente,  muito menos a favor do culto à personalidade.

O liberalismo sempre é e sempre foi a favor da independência dos Três Poderes. Seus ideais jamais incluíram a tomada do poder pela força das armas, mas sim pelo voto, porque liberalismo não pode ser sinônimo de ditadura oriunda de intervenção militar, como Jair Bolsonaro e os generais do Planalto pensaram implantar no país.

REGIME DE FORÇA – Não existe ditadura de direita ou de esquerda, conservadora ou progressista. Não importa a tendência político-ideológica de seus líderes, no final acaba sendo apenas um regime militar, ou seja, uma ditadura.

Com seu desatinado delírio ideológico, Jair Bolsonaro conseguiu a proeza de reconduzir o PT ao poder. Os eleitores se assustaram com sua incompetência como governante e com seu radicalismo ao desdenhar a gravidade da pandemia, um gravíssimo erro que agora ele até reconhece ter cometido. E assim jogou para perder e conseguiu se tornar ser o primeiro presidente a não ser reeleito, depois a era FHC.

ALTERNÂNCIA NO PODER – As divergências políticas são saudáveis e garantem que ocorra a alternância no poder, uma característica da democracia. Olhem as flores do campo, nenhuma é igual a outra.

O objetivo comum da maioria dos eleitores não foi simplesmente um apoio a Lula e à volta do PT. O que se pretendia era evitar um segundo mandato de Bolsonaro, porque seria um desastre. E a guerra civil estaria no radar dessa turma extremada.

O fato positivo foi saber que a cúpula das Forças Armadas é hoje formada por oficiais legalistas, que não aceitaram descumprir a Constituição e repeliram a “intervenção militar federal”, como foi apelidado o golpe que fracassou. Porém, se dependesse dos generais que cercavam Bolsonaro, estaríamos hoje em novo regime de força. E quem concordaria com isso?

Algumas notícias do dia demonstram que este país está meio fora eixo

Brasil | Charge | Notícias do dia

Charge do Frank (Arquivo Google)

Vicente Limongi Netto

Notícias correm rápidas, como voos de pássaros. É preciso retê-las e apreciá-las antes que se evaporem. Nessa linha, figuram quatro assuntos publicados no Correio Braziliense de hoje, dia 24.

O editorial saúda a decisão da CBF de incluir três punições severas no regulamento geral de competições da entidade, para casos de racismo dentro de campo. “Antes tarde do que nunca”, salienta o texto, confiante de que o presidente da CBF, o baiano e negro, Ednaldo Rodrigues, não fraquejará diante de pressões de dirigentes atrasados, demagogos, hipócritas, oportunistas e mal intencionados.

OUTROS ASSUNTOS – A deputada bolsonarista Carla Zambelli (PL-SP), aquela que correu pelas ruas de São Paulo, de arma em punho, atrás de um desafeto, é patética, além de ridícula, confusa e destrambelhada.

A deputada afirma que Bolsonaro errou, no discurso de 30 de dezembro. Em seguida acredita que o ex-presidente não fugiu para Orlando, mas que já deveria ter voltado. Depois, observa que Bolsonaro pode vir a ser preso.

Em meio aos comentários mais estapafúrdios, Bolsonaro diz que não leu nem lerá a tal entrevista,  Mas o pior é a salada de raciocínios desconexos que passam longe do bom senso.

FALTA DE ASSUNTO – A meu ver, é uma colossal falta de assunto, o fim da picada, o fato de três deputados brasilienses estarem fazendo das tripas coração, enchendo os peitos de orgulho, na disputa para ver quem é o verdadeiro autor ou autora, da proposta na Câmara Legislativa que trocando o nome da ponte Costa e Silva para Honestino Guimarães.

Por fim, ganhou liberdade a técnica de enfermagem Elize Matsunaga, que matou e esquartejou o marido, tentando fugir e sumir com o corpo em duas malas. Nos Estados Unidos, o crime seria punido com pena de morte ou prisão perpétua. Sem direito às inacreditáveis saidinhas.

Agora, Elize tornou-se motorista de aplicativo em Franca, São Paulo. “Cuidadosa e atenciosa”, opinaram, aliviados, os clientes. Faço votos para que nenhum deles se apaixone ardentemente por ela.

Quem está certo? O presidente Lula ou Campos Neto, do BC, com altas taxas de juros?

Ainda mais difícil explicar nossas altíssimas taxas de juros – blog da kikacastro

Charge do Glauco (Folha)

Carlos Newton

A economia não é uma ciência exata, está sujeita aos mais diferentes fatores, por isso os especialistas erram tanto. No caso do Brasil é ainda pior, pela esculhambação reinante e pelo elevadíssimo grau de corrupção, conforme ficou comprovado no tocante às empreiteiras brasileiras, que se tornaram tristemente famosas mundo afora, a ponto de serem prestigiadas com uma superprodução de Hollywood (“A Lavanderia”), com Meryl Streep, Antonio Banderas, Gary Oldman e Sharon Stone, vejam só que elenco, em homenagem direta à Odebrecht, citada no filme.

O maior problema é a inflação. Neste país continental, movido a diesel, o principal fator são os preços dos combustíveis, apesar da autossuficiência em petróleo. Estranhamente, a Petrobras não dá conta de refinar o diesel, que então tem de ser importado, evidenciando mais um escândalo bilionário que um dia virá a furo, mas ainda tentam esconder.

VIAGRA INFLACIONÁRIO – Quando os combustíveis aumentam, todo o resto sobe, é uma espécie de Viagra inflacionário. No entanto, quando os preços dos combustíveis caem de forma expressiva, como ocorreu recentemente, não há deflação.

A consequência é que a inflação passa a aumentar mais lentamente, e os preços dos produtos e serviços não sofrem qualquer redução, porque não existe queda de preços via combustíveis, é uma estrada de mão única, digamos assim. Aqui no Brasil, redução de preços só ocorre com produtos agrícolas em época de safra.

Ou seja, depois que sobem, os preços dos produtos industriais e dos serviços jamais caem, continuam lá em cima, apenas passam a subir mais devagar, porque no Brasil a deflação “non ecziste”, diria Padre Quevedo. Aliás, os serviços do religioso peruano seriam  indispensáveis para desmitificar falsas crenças econômicas quem tentam impingir no Brasil de hoje, como se fossem dogmas religiosos.

CAUSAS DA INFLAÇÃO – Nos compêndios acadêmicos, desde o mestre francês Henri Guítton, ensina-se que a inflação pode ser influenciada por diferentes causas, e as principais seriam: 1) aumento dos gastos públicos; 2) elevação dos custos de produção, incluindo transporte/frete; 3) expectativa de inflação; 4) crescimento da demanda.

Como é um país surreal, aqui no Brasil podem ocorrer, simultaneamente, os quatro fatores. Primeiro, porque o governo e as autoridades dos três Poderes dedicam-se, o tempo todo, a aumentar os gastos públicos e os próprios vencimentos. Como há autossuficiência no petróleo, mas o governo não comanda o preço dos combustíveis, eles estão sempre subindo, aumentando os custos de produção e, consequentemente, a expectativa inflacionária.

Portanto, fica faltando apenas o quarto fator – crescimento da demanda.  Mas isso também “non ecziste”. Como a demanda pode crescer se 68,4 milhões de brasileiros estão endividados? É o que mostra o Mapa da Inadimplência e Negociação de Dívidas, divulgado pelo Serasa.

NÃO HÁ DEMANDA – Bem, eliminando-se a camada inferior, que vive do Bolsa Família e não tem acesso ao crédito, excluindo-se também as crianças e os adolescentes, assim como o grande número de mulheres do lar, que se dedicam às famílias, e cortando também os índios e os outros grupos que não frequentam bancos, como os sem teto, sem terra e sem destino, podemos concluir que 68,4% milhões de endividados significam a esmagadora maioria da população economicamente ativa do país, que é composta por apenas 79 milhões de trabalhadores.

Caramba, amigos! Como pode ocorrer aumento de demanda se há esse endividamento crônico do povo brasileiro, que desde sempre vem sendo açoitado e explorado por uma elite perversa e desumana, que assiste passivamente ao progressivo apodrecimento dos três Poderes?

Em 2022, mesmo movido por generosos auxílios emergenciais e pelo controle da pandemia, o consumo familiar cresceu apenas 3,89%, bem abaixo da inflação de 5,79%. Ou seja, diminuiu.

E OS SUPERMERCADOS – Até os grandes varejistas enfrentam problemas. Em 31 de dezembro de 2022, a dívida líquida do grupo Carrefour/BIG chegou a R$ 12,740 bilhões, um crescimento de 184% na comparação com a mesma etapa de 2021. O Pão de Açúcar/GPA teve prejuízo de R$ 288 milhões no terceiro trimestre de 2022, alta de 221,7% no ano. E vamos ficar por aqui.

Portanto, em tradução simultânea, está comprovado que o consumo das famílias não cresceu – pelo contrário, caiu 1,9%, em termos reais, descontada a inflação. É pouco? Sim, mas isso significa que a qualidade de vida está diminuindo, assim como a renda média do trabalhador, devido ao desemprego e ao aumento da população.

Portanto, podemos afirmar que o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, não aumentou os juros para combater uma inflação de demanda. Com certeza, existem outras motivações, que analisaremos a seguir.

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P.S.
 – Há quem diga que Lula estaria certo ao investir contra o presidente do BC. Bem, Lula não tem a menor noção sobre economia. Está agindo apenas politicamente, para agradar ao eleitorado e mostrar serviço logo no início, arrumando um culpado para a situação econômica atual, que é preocupante. O fato concreto é que Lula não faz o que deveria fazer como chefe do governo, o que veremos mais adiante. (C.N.)

Em prol da coletividade, Lula e Tarcísio de Freitas superam quaisquer divergências políticas

Desastres e 8 de Janeiro reduzem distância entre PT e Tarcísio

Garantir o socorro aos desabrigados é obrigação de todos

Vicente Limongi Netto

O quadro trágico de dezenas de mortos e milhares de desabrigados no litoral paulista uniu os corações e os deveres de dois homens públicos importantes, o presidente Lula e o governador Tarcisio de Freitas.

Lula acentuou, com desprendimento e grandeza de espírito exemplares:  “O bem comum do povo é muito mais importante do que qualquer divergência que a gente possa ter”.

POLÍTICA VERDADEIRA – Por sua vez, Tarcisio agradeceu o carinho e a presença de Lula, determinando urgentes providências para sanar o cenário triste e desolador.

A política verdadeira serve a coletividade. Valoriza o cidadão. Dignifica aqueles que sabem exercê-la com correção e eficiência.

São bem-vindas as boas causas que melhorem a qualidade de vida dos mais necessitados. Partidos existem para atender os anseios coletivos.  Quando desvirtuada por grupelhos sedentos por interesses subalternos, a boa política cai no descrédito. Perde o respeito do eleitor.

ACABAM DESPREZADOS – A democracia permanece inabalável, mas os maus políticos acabam desprezados. A maior tarefa de todo bom e isento chefe da nação é trabalhar pelo bem-estar da população. Lula e Tarcisio de Freitas são bons personagens do presente e do futuro.  Sabem de suas imensas responsabilidades.

Tarcisio não desdenha o passado político. Foi eleito, no primeiro turno, com as bênçãos de Bolsonaro. Foi atuante ministro da Infraestrutura do ex-presidente. Com imenso talento político, o governador paulista, todavia. não tem vocação para caranguejo.  Bolsonaro tornou-se um “quadro amarelado na parede”, diria Drummond.

MERECEDORES – A banda boa da política, intelectuais, juristas, amigos e empresários, preparam-se para homenagear,  próximo dia 27 de março,  a chegada altiva,  triunfal, digna e respeitada, dos 91 anos de idade de Bernardo Cabral, símbolo da resistência democrática.

Por fim, vamos registrar o bom retorno de Marlênio José Ferreira Oliveira, que está de volta ao  cargo de coordenador-geral de representação institucional da Suframa (Superintendência  da Zona  Franca de Manaus) no Distrito Federal. Homem certo no lugar certo.

Pacheco agrada aos senadores com aumento de 18% como ajuda de custo…

Presidência do Senado: Rodrigo Pacheco é reeleito com 49 votos - Jornal  Contábil - Contabilidade, MEI , crédito, INSS, Receita Federal e Auxílios

Pacheco ficou com pena dos senadores e permitiu o aumento

Vicente Limongi Netto

O presidente do Senado é caridoso. Alma boa. Deu reajuste de 18% aos senadores como ajuda de custo. Rodrigo Pacheco não suportou ver senadores tristes, acabrunhados, chorando pelos corredores. Lisos e duros. Com ternos, sapatos e gravatas velhas. Da legislatura passada.

O carnaval será animado. Alguns senadores mais magoados e tristes estavam amuados com Pacheco. Ameaçando romper relações. A mesa diretora estava entupida de lamúrias de senadores. Senadores pobres e desesperançosos estavam tirando as medidas nas costureiras para brincar o carnaval com a singela fantasia “pão e água”. Pacheco tem enorme coração. Quer ver todos alegres e felizes dentro do senado.

REFORMA TRIBUTÁRIA – O presidente da Confederação Nacional do Comércio, Bens e Serviços (CNC), Roberto Tadros, considera a reforma tributária extremamente importante e necessária para o crescimento do país.

Porém, a seu ver, “não é justo o aumento da carga tributária sobre o setor de serviços, que responde por 37% da força de trabalho no Brasil e gerou 55% dos empregos formais no país, na retomada da economia depois da pandemia”.

EDNALDO VAI BEM – Sereno, afável, fala mansa, a gestão do baiano Ednaldo Rodrigues é marcada com atitudes firmes e marcantes. Como a decisão de punir com rigor atos de racismo, no regulamento geral de competições. A entidade estabeleceu penas gradativas como multa de 500 mil reais, perda do mando de campo e perdas de pontos.

Nessa linha, com tranquilidade, sem açodamentos e estranhas pressões de ex-jogadores por técnico estrangeiro para o lugar de Tite, o cartola Ednaldo definiu como técnico interino da seleção o treinador Ramon, que foi excelente meia do Vasco da Gama e acaba de se consagrar como campeão Sul-Americano sub-20. Bola pra frente.

Não vai aparecer ninguém para explicar por que há juros reais tão acima da inflação?

Charge reproduzida do Arquivo Google

Carlos Newton

Esta semana, fizemos uma provocação aqui na Tribuna da Internet, ao sugerir um debate sobre a inquietante questão dos juros reais altos (acima da inflação), para que enfim fiquem conhecidos os motivos desse fenômeno tipicamente nacional, pois há décadas o país lidera o ranking mundial desse curioso fenômeno econômico, que tem fortes conotações políticas.

De vez em quando, um país qualquer, como México ou Argentina, nos ultrapassa, mas logo depois nos cede novamente a liderança.

Afinal, o patamar elevado da taxa básica de juros (Selic), atualmente em 13,75% ao ano, com juros reais por volta de 7,8%, virou alvo preferencial das maiores reclamações do presidente Lula da Silva. A principal crítica é que a alta taxa dificulta o acesso ao crédito tanto para as famílias quanto para as empresas.

CONVERSA FIADA – Mas isso é “menas verdade”, como o próprio Lula diria, porque os juros dos bancos não têm nada a ver com isso. Seus empréstimos a clientes ou empresas não utilizam a Selic como parâmetro, pois a taxa básica tem outras finalidades;

Aliás, Lula não pode ser levado a sério em discussões econômicas. O presidente atirou no que viu e não acertou nem mesmo no que não viu. Mas marcou pontos politicamente, porque os juros altos são defendidos apenas pelos suspeitos de sempre, igual ao filme Casablanca – no caso, os bancos, as financeiras e os agiotas.

Portanto, o debate proposto pela Tribuna da Internet seria muito interessante e curioso, até porque o atual presidente do Banco Central nem está exagerando nos juros reais, que eram muito maiores no início do governo Lula, em 2003, quando o especialista internacional Henrique Meirelles comandava o BC, sem que houvesse a menor polêmica pelos altíssimos juros reais então praticados, que foram para 10,65%, bem acima dos 7,8% atuais.

UM ASSUNTO-TABU – A discussão seria mesmo oportuna, porque Lula da Silva e sua entourage vêm criticando acidamente o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, por estar agindo exatamente igual a todos os seus antecessores no cargo, desde o governo de Juscelino Kubitschek, pelo menos, quando a inflação passou a ser assunto do dia-a-dia nacional.

No entanto, talvez essa discussão dificilmente pode ser travada, porque o motivo de o Brasil praticar os maiores juros reais não é encontrado no Google nem nos demais sites de busca ou na Wikipédia, que costumam alimentar qualquer debate – da física quântica ao sexo dos anjos.

Da mesma forma, esses persistentes juros reais altos não constam nos compêndios de Economia Política nem nas teses acadêmicas, estão de tal forma enraizados no cotidiano do Brasil que ninguém mais se interessava pelo assunto, até Lula começar a dar chiliques e faniquitos.

SEM DISCUSSÃO – Para nós, é constrangedor fazer tal constatação. Nem mesmo o respeitado site Auditoria Cidadã, de Maria Lúcia Fattorelli, tem se dedicado a estudar o assunto, pois seus artigos costumam abordar a dívida pública como um todo.

Nos debates aqui na Tribuna, José Vidal destacou que o Banco Central deveria esclarecer por que o Brasil pratica os maiores juros reais do mundo. “Qualquer cidadão deveria ter o direito de saber. Como ter um BC independente, se não é para trabalhar em conjunto com o governo na busca do bem-estar da sociedade possível? Ou essa política (que já vem há muito tempo) faz mais bem aos bancos?”, indagou Vidal, acrescentando:

“Essa política de juros é eficaz pra diminuir a inflação, tal como ela se apresenta agora? Sem demanda e sem excesso de consumo e empregos? Beneficia à produção?”

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P.S. 1 –
 É claro que Vidal está no caminho certo. Mas será que não vai aparecer ninguém para explicar os motivos de haver juros reais tão acima da inflação? Como diria o grande compositor e jornalista Antonio Maria: “Eu grito e o eco responde: Ninguém!”. Bem, vamos aguardar mais um pouco. Se ninguém realmente aparecer, serei obrigado a expor minha teoria, e não vai ser fácil, porque logo vão me chamar de comunista, algo que me envaidece muito.

P.S. 2 – Aliás, tenho especial admiração por Friedrich Engels, que considero mais importante do que o amigo e parceiro Karl Marx. Era um rico industrial, filho de um dos pioneiros em empreendimentos multinacionais, mas nunca aceitou a exploração que sofriam os trabalhadores naquela época. Sem a colaboração e o apoio intelectual de Engels, Marx não teria conseguido tamanho destaque. Morreu antes de Engels, que publicou várias obras póstumas de Marx, sem jamais mencionar a colaboração que deu aos textos. A modéstia era diretamente proporcional ao talento e à sabedoria de Engels. Espero que um dia o mundo reconheça a importância desse personagem verdadeiramente único. (C.N.)

Roberto Campos Neto deveria ter se afastado lá atrás, no escândalo do Pandora Papers

Dados de 15 mil offshores do Pandora Papers são publicados | Metrópoles

Guedes e Campos não gostam de pagar impostos no Brasil

Roberto Nascimento

Em relação à polêmica sobre os juros, entendo que o presidente do Banco Central está equivocado. Não se justifica elevar a taxa de juros ou mesmo mantê-la nesse patamar alto, quando a inflação está pouco acima da meta. Há evidências de que o economista Roberto Campos Neto (sim, ele mesmo, que prefere investir nos paraísos fiscais do que em sua pátria) perdeu as condições de credibilidade para permanecer como comandante da política monetária.

Campos Neto deveria pedir para sair, quando Bolsonaro perdeu as eleições. Mas se aferra ao cargo, está se lixando para os preceitos éticos e morais, já que fez campanha para Bolsonaro, saindo fora da curva da isenção para continuar no novo governo.

AUTONOMIA ACERTADA – Não está em questão a Independência do Banco Central, votada pelos representantes do povo, no Senado e na Câmara, e que, a meu juízo, foi uma decisão acertada.

Deixo aqui, uma sugestão para que seja estipulado um mandato de quatro anos, a partir da eleição do novo presidente a quatro anos. Se o presidente errar na escolha, o problema é dele.

Na verdade, no esquema atual o sistema financeiro manda nos presidentes do Banco Central. Esse Campos Neto só faz obedecer a ciranda financeira, provocada pelos juros altos, que interferem em toda a cadeia produtiva.

SEM DEMANDA – Nada justifica os juros elevados sem que haja o processo de alta demanda no comércio e na indústria. Se poucos brasileiros estão comprando, evidente que a inflação não é o problema.

O então ministro da Economia, Paulo Guedes, e o próprio Campos Neto fizeram campanha para Bolsonaro. Portanto, se fosse um cidadão ético, o presidente do Banco Central deveria pedir demissão do cargo, por incompatibilidade ideológica com o novo governo.

Mas, ele não irá pedir demissão. Deveria ter saído lá atrás, pois fez algo ainda pior e continuou no governo Bolsonaro, e me refiro ao escândalo Pandora Papers, com a descoberta de investimentos de Campos Neto e de Paulo Guedes nas Ilhas Virgens Britânicas, para não pagar impostos no Brasil. A desculpa deles era de que investir lá fora não é crime. Pode até ser legal, mas, seria ético para um servidor público de tamanho destaque e influência na política econômica? Só no Brasil, mesmo…

Lula, Meirelles e Lara Rezende deviam ter vergonha de criticar os “altos juros” atuais

Jeferson Miola: Juros altos do BC custarão ao Tesouro R$ 203 bilhões a mais que o recorde alcançado em 2022 - Viomundo

Ilustração de Jota Camelo (Facebook)

Carlos Newton

Mudar o foco da discussão é uma arma que debatedores sempre usam, quando os fatos lhes são desfavoráveis. No caso da celeuma criada por Lula da Silva em relação à autonomia do Banco Central, ninguém deve ousar fazer a defesa da política adotada pelo Conselho de Política Monetária, que tem oito integrantes e manteve os juros de 13,75% na última reunião.

Quem tenta ver competência numa política monetária que possibilitou o Brasil crescer mais que a China em 2023, com inflação inferior aos Estados Unidos e à Alemanha, logo passa a ser destratado como “defensor” dos juros altos.

MÁS COMPARAÇÕES – O mais inquietante é que os adoradores de Lula levantam os mais patéticos argumentos, como classificar de “bolsonarista” o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, ao invés de discutir apenas o que interessa — a política monetária.

Outro argumento ardiloso é alegar que o Brasil está praticando os mais elevados juros reais do mundo, como se isso fosse alguma novidade e não tivesse ocorrido nos governos de FHC, Lula, Dilma, Temer, Bolsonaro etc.

Então, que tal debater por que os juros reais brasileiros são os maiores do mundo? Conheço uma tese muito interessante, que poderia enriquecer a discussão. Mas quem se importa?

SEM OPÇÃO – O mais importante para os petistas é enaltecer Lula e esculhambar Campos Neto. Não cabe outra opção. Até o veterano André Lara Rezende entre na nova onda, como se a gente tivesse esquecido o que ele fez no verão passado.

Aqui na Tribuna da Internet, conversa fiada não nos engana. O sempre atento comentarista Victor Feres chamou atenção para os juros reais quando Lara Rezende presidia no BC em 1995. A Selic estava em 38,71%, com inflação de 22,41%. Ou seja, os juros reais de Lara Rezende eram se 16,3%, praticamente o dobro dos juros reais hoje praticados por Campos Neto, de 7,88%.

E o próprio Lula nem poderia piar sobre o assunto, pois o passado lhe condena. Quando assumiu o governo em janeiro de 2003, a Selic estava em 25%; em fevereiro, o BC de Henrique Meirelles subiu a taxa para 26,5%, com inflação de 14,47%. Logo, juros reais de 12,03%, e Lula concordou prazerosamente…

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P.S. 1 – Bem, Lula deveria parar de faniquitos e chiliques, para acalmar seus seguidores. E que tal começarmos a discutir por que o Brasil pratica os juros reais do mundo? É um assunto tabu, mas eu adoraria discutir. Querem saber minha tese? Depois eu conto, como dizia nosso amigo Maneco Müller, o genial cronista Jacinto de Thormes.

P.S. 2 – Esses destemperos de Lula e seus adoradores estão dando uma tremenda visibilidade a Roberto Campos Neto, que pode e deve entrar na política em 2026.

P.S. 3 – Por fim, conheci muito o avô dele, quando era senador por Mato Grosso. Roberto Campos era um personagem interessantíssimo. Vivia sendo acusado de americanófilo e entreguista, mas trabalhei junto com ele num projeto altamente nacionalista, que foi vitorioso no Congresso e criou a reserva de mercado para informática nacional. Mas isso já é outro departamento. (C.N.)

Nova concessão da Rede Globo foi ilegal, baseada falsamente em decreto de Vargas

Resultado de imagem para TV Globo charges

Charge reproduzida do Arquivo Google

Carlos Newton

O sempre atento jornalista, advogado e ex-deputado Afanasio Jazadji, ao examinar os decretos assinados pelo então presidente Jair Bolsonaro em 20 de dezembro, renovando as outorgas de concessão dos canais de televisão no Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Recife e Brasília, em favor dos acionistas da Globo Comunicação e Participações, os irmãos Marinho, detectou diversas imprecisões e informações falsas. que podem causar anulação das concessões, por via administrativa ou judicial.

O advogado atribui as irregularidades à pressa com que a assessoria do Ministério das Comunicações analisou os documentos apresentados pela Globo em seu requerimento de setembro de 2022 e que em meados de dezembro já recebera parecer favorável.

DIZIA BOLSONARO – Antes das eleições, Bolsonaro, seguidas vezes, ameaçou não aprovar a renovação das concessões, caso alguma irregularidade fosse constatada. Derrotado, o ex-presidente rapidamente assinou os decretos das concessões dos canais da Globo (Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Recife e Brasília), amparado em manifestação da Consultoria Jurídica do Ministério das Comunicações, nos seguintes termos:

“É imperioso consignar que esta Consultoria analisou no aspecto jurídico-formal, os processos administrativos acima listados, não sendo apontado impedimento legal para que haja a renovação da outorga anteriormente concedida para exploração do serviço de radiodifusão de sons e imagens pela Globo Comunicação e Participações S/A”. 

A AGU, cautelarmente, fez questão de frisar que antes de encaminhar seu parecer ao ministro das Comunicações e ao presidente da República, a Secretaria de Radiodifusão deveria verificar a possível existência de erro material nos processos examinados, mas não houve esse cuidado, porque se constata equívoco gravíssimo no decreto de Bolsonaro que renovou a outorga da concessão do canal 5 de São Paulo, antes Rádio Televisão Paulista S/A, para a TV Globo.

ERRO NO DECRETO – “Fica renovada, de acordo com o artigo 33, §3º., da Lei no. 4.117, de 27 de agosto de 1962, Código Brasileiro de Telecomunicações, por quinze anos, a partir de 5 de outubro de 2022, a concessão outorgada à Globo Comunicação e Participações S/A, entidade de direito privado, inscrita no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica – CNPJ sob o no. 27.865.757/0001-02, conforme disposto no Decreto nº 30.590, de 22 de fevereiro de 1952, publicado em 6 de março de 1952, e renovada pelo Decreto s/nº de 14 de abril de 2008, publicado em 15 de abril de 2008, chancelado pelo Decreto Legislativo  638 de 2009, publicado em 10 de setembro de 2009, para executar, sem direito de exclusividade, o serviço de radiodifusão de sons e imagens, em tecnologia digital, no Município de São Paulo, Estado de São Paulo”.

Ora, ora, em fevereiro de 1952, Roberto Marinho nem sonhava em ter um canal de TV. Portanto, como admitir-se, em dezembro de 2022, tamanho cochilo no decreto de renovação do canal 5 de São Paulo, o mais importante do Brasil, ao menos em faturamento?

VERDADEIROS DONOS – Pesquisando, a verdade aparece. Em 1976, Roberto Marinho e seu irmão Rogério, que assinava como vice-presidente da TV Globo de São Paulo, encaminharam requerimento ao Ministério das Comunicações, para tentar a legalização do canal 5 de São Paulo, que há 11 anos funcionava à margem da lei, e os dois irmãos ardilosamente se fizeram passar por beneficiários originais do Decreto 30.590/1952.

Na verdade, o decreto de Vargas não outorgou a concessão do canal 5 de São Paulo a Roberto Marinho, e sim aos verdadeiros donos, que eram os 673 acionistas da Rádio Televisão Paulista, uma sociedade anônima controlada pela família Ortiz Monteiro, que detinha 52% das ações.

Essas ações pertenciam e ainda pertencem às herdeiras do deputado Ortiz Monteiro, muito embora a Justiça tenha decidido que seus direitos já tinham sido prescritos. porque, em dezembro de 1964, o sr. Roberto Marinho teria adquirido as ações pelo equivalente a singelos 35 dólares, e tudo isso com base em documentação claramente falsificada, conforme foi apontado pelo Ministério Público Federal em 2003 e pelo Instituto Del Picchia de Documentoscopia, em 2012.

FRAUDE GROTESCA – Tratava-se de uma fraude grotesca, reiterada no decreto presidencial de agora, porque em 1952 o jornalista Roberto Marinho ainda não era titular de nenhuma concessão de emissora de TV no país.

Em 1952, a hoje poderosa Globo Comunicação e Participações S/A nem existia, pois, somente em agosto de 2005 foi reconhecida como titular das concessões da TV Globo Ltda., abrangendo os cinco canais de televisão, conforme decreto do então presidente Lula, que, inclusive, permitiu que a totalidade das ações fosse transferida para uma empresa-laranja, criada no ano 2000 em São Paulo, sob a denominação de Cardeiros Participações S/A, com capital social de apenas mil reais…

Vamos voltar ao assunto, porque as irregularidades existentes nos atuais processos de renovação das outorgas de concessões não estarão prescritas com base no artigo 21 da Lei 4.717/65. Muito menos há decadência da obrigação de agir da Administração Pública.

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P.S. – 
Não há exercício do poder fora da lei. Todos são iguais perante a lei, com os mesmos direitos e os mesmos deveres, sem discriminações e sem privilégios. É o que diz a Constituição, e alguém precisa acreditar nisso. (C.N.)

Lula faz sucesso no exterior, mas aqui no Brasil ainda continua perdido em buscar desforras

Nani Humor: Marxismo dos Irmãos Marx

Charge do Nani (nanihumor.com)

Vicente Limongi Netto

Na política externa Lula viaja em céu de brigadeiro. Sorridente, não tem queixas. Colhe bons frutos. O mesmo não se pode dizer da política interna. No quintal do governo federal o mais bobo dar nó em éter. “Tudo vai na mais perfeita confusão”, diria Machado de Assis.

Nos bastidores e fora deles, crescem as brigalhadas e trombadas por cargos. O povo, o mais interessado por benefícios e soluções, angustiado e já com boa dose de decepção, assiste aos inacreditáveis arranca-rabos.

GOELA GRANDE – Os donos dos partidos que apoiaram a eleição de Lula são gulosos. Não têm limites.  Não suportam contenções.  Exigem nomear até guardas noturnos de praças e condomínios.

Por sua vez, neste oceano egoista de demandas pessoais, o povo continua sonhando que um belo dia algum anjo virá, finalmente, protegê-lo. Nessa linha, Lula é porta-voz do governo e de si mesmo. Fala sem tréguas de assuntos que desconhece. Mostra exagerado triunfalismo sobre tudo. Pelo andar da carruagem, nem a vigilante primeira-dama, Janja, tem conseguido frear os arroubos presidenciais.

Ninguém consegue colocar na cabeça às vezes dispersiva do chefe da nação que ele precisa parar de ir nas ondas nebulosas, rancorosas e ávidas por vinganças, das intrigas de petistas mais chegados. Aqueles de cama e mesa. O verbo pacificar sumiu do Palácio do Planalto. É preciso trabalhar firme e forte para o barco Brasil não correr o risco de ficar à deriva.

FIM DA PERSEGUIÇÃO – Pericia da Policia Federal não encontrou anormalidades nem irregularidades no celular do governador Ibaneis Rocha.

Adversários desajustados e desapontados do governador atearam fogo às vestes. Montaram fracassado e melancólico escarcéu. Se o democrata Ibaneis errou, foi confiar no medíocre e golpista “serviço de inteligência” da Polícia Militar.

Não pode ser punido por excessos de estupidez e fanatismo de militares viúvos politicamente do desprezível ex-presidente que fugiu para os Estados Unidos.

TERCEIRO LUGAR – O futebol pentacampeão está salvo. O Flamengo voltou do Marrocos com o sensacional e respeitado terceiro lugar no torneio.

Não se deve esquecer que o Brasil acaba de se livrar de uma guerra civil, motivada por fake news

Diretor de 'Sinfonia de um homem comum' diz que história de José Maurício Bustani é 'inacreditável' | Cinema | G1

Bustani tentou evitar a invasão do Iraque pelos marines

Roberto Nascimento

Para não dizerem que escrevo somente sobre as flores raras brasileiras, os Estados Unidos viveram também um momento pré-apocalíptico com a invasão do Capitólio, movimento incentivado pelo ogro presidente Donald Trump e seu marqueteiro Steve Bannon, destinado a provocar uma carnificina com morte de senadores e assim, impedir a cerimônia de posse do presidente eleito, Joe Biden. A segurança do Capitólio impediu o massacre, mas cinco pessoas morreram.

Então, a insanidade não é privilégio do Brasil. Relembro esse fato, repontando-me ao belo artigo do jornalista Bernardo Mello Franco, no jornal O Globo deste domingo, dia 12, sob o título: “Tributo à integridade”.

UM HOMEM COMUM – Mello Franco cita cenas do filme: “Sintonia de um homem comum”, baseado na trajetória do embaixador brasileiro José Maurício Bustani, que comandava na ONU a Organização para Proibição de Armas Químicas, no final do governo Fernando Henrique.

O documentário do cineasta José Joffily mostra que Bustani foi afastado do cargo, por se negar a embarcar na mentira americana de que o Iraque possuía armas químicas.

Entrou em rota de colisão com o então presidente George W. Bush, que estava decidido a invadir o Iraque, mas precisava de um pretexto para receber autorização do Congresso e declarar guerra.

ESCUTA TELEFÔNICA – Os arapongas norte-americanos instalaram escuta telefônica no gabinete do embaixador brasileiro em Haia, e Bustani virou alvo de difamação. Ao mesmo tempo, sua mulher foi avisada do perigo da água que ele bebia. E o embaixador americano na ONU, John Bolton, ameaçou o embaixador brasileiro, ao lhe afirmar que sabia onde seus filhos moravam.

Até o então Secretário da Defesa dos EUA, general Colin Powell, entrou nessa onda sobre o inexistente arsenal de armas químicas do Iraque. Quando a farsa foi desmontada, Powell disse que foi induzido a erro. Era um homem digno, foi o único a fazer “mea culpa”.

Resultado das informações mentirosas dos espiões norte-americanos: o país foi arrasado, 300 mil iraquianos mortos e 5 mil americanos também perderam a vida, devido a uma fake news oficial e internacional.

LAVANDO AS MÃOS – O Itamaraty (chanceler Celso Lafer) e o Planalto (presidente FHC) lavaram as mãos, fazendo um acordo com os americanos para a retirada do embaixador brasileiro que comandava a Agência da ONU baseada em Haia. E o sucessor de Bustani fez o jogo sujo dos americanos.

Comparo a informação mentirosa da Casa Branca, forjando a existência de armas químicas do Iraque, com as falsas denúncias de fraudes nas urnas eletrônicas no Brasil.

Cada um dos dois tinha um objetivo. George W. Bush, nos Estados Unidos, conseguiu concretizar seu sinistro propósito, mas Jair Bolsonaro fracassou. No entanto, se aquela bomba no Aeroporto de Brasília tivesse explodido a bordo de um caminhão de combustível, levando pelos ares o Terminal de Passageiros, quantos mortos estaríamos lamentando agora?

REPETIR É PRECISO – Em certos momentos, o leitor da Tribuna pode tender a achar que os comentários sobre os quatro anos de trevas do governo anterior carregam na tinta ou sejam repetitivos.

Muitas vezes, repetir é necessário, para não cair no esquecimento. Se toda a cronologia do golpe tivesse obtido êxito, estaríamos agora vivendo uma guerra civil, com irmãos lutando contra irmãos, Norte contra Sul. E nessa carnificina a infraestrutura nacional retrocederia à época da  República Velha.

Se aquela bomba no Aeroporto explodisse, repita-se, não teríamos a posse do novo presidente eleito, então, o caminho se abriria para uma destruição muito maior. Escapamos por pouco de um estrago de grandes proporções, com milhares de vítimas, na maioria inocentes.

Anjos saindo das frestas dos escombros, venceram a escuridão e o frio das trevas

Número de mortos em terremoto na Turquia e na Síria passa de 11 mil

Tragédia do terremoto já matou mas de 20 mil pessoas

Vicente Limongi Netto

Impressionantes as imagens dos resgates de crianças soterradas no terremoto que atingiu a Turquia e a Síria. Meninas e meninos suportaram pedras e entulhos. Espremidos pelas ferragens. Trêmulos. Cabelos desalinhados. Rostos sujos de barro. Olhos miúdos e espantados. Roupa rasgada, empoeirada. Alguns descalços. Chorando.

Acolhidos pelos braços, pela alma e pelo coração de aliviados e contentes adultos. Vestidos de fé e esperança. Anjos renascidos e agradecidos, retribuindo com beijos e ternura a exemplar bravura e solidariedade de turcos e sírios. Imagens mostrando ao mundo que nem tudo está perdido.

MÃOS À OBRA – Oportuno e firme o editorial “Congresso precisa trabalhar pelo país”(Correio Braziliense- 07/02). Mãos à obra. Basta de discurseiras e brigalhadas.

“O Congresso não pode fugir de suas responsabilidades. Todos os votos que deputados e senadores receberam nas urnas devem ser honrados”, salienta o editorial. O jornal destaca que “devido a tantos anos de descaso dos parlamentares,  a imagem do parlamento no Brasil é péssima”. Recordo, nesse sentido, reforçando e endossando a enérgica cobrança do editorial, trechos do que escrevi sobre o tema, no Correio Braziliense e na  Tribuna da Internet,  nos idos de novembro de 2022:

“A principal missão dos senadores e deputados é trabalhar, sem trégua, dar sangue e suor, pela população. O interesse coletivo tem que ser prioritário. Esquerda e direita devem assumir, de uma vez por todas, suas responsabilidades. Basta de jogar para a plateia, enquanto o povo sofre e amarga humilhações”.

Afinal, por que o senador cuecão deixou Bolsonaro para cair nos braços de Lula?

Senador da cueca acionou Planalto para obter avião e transportar material  de empresa investigada - Tribuna da Imprensa Livre

Charge do Clayton (O Povo/CE)

Vicente Limongi Netto

O cuecão do senador Chico Rodrigues voltou a ser destaque. Desta vez, com toda pompa e de partido novo. Foi para o PSB. Virou socialista. Deixou na mão o ex-ídolo Jair Bolsonaro e virou fã de carteirinha de Lula, mas sem largar o cuecão com bolinhas verde e amarelas. Afinal, por que o senador cuecão deixou Bolsonaro para cair nos braços de Lula? Ninguém sabe. É o maior mistério da política moderna, no Brasil e no mundo.

Assim, o frescor do lixão saúda o Senado de 2023. Não há detergente que alivie o cheiro do cavernoso ambulante, que já foi governador de Roraima. Desde 2021 o fedor está impregnado e não sai mais. O odor ruim maltrata o olfato.

MEDIDAS SANITÁRIAS – Antes que o cuecão bigodudo de Roraima, nascido em Pernambuco, volte na nova legislatura a desfilar fagueiro pelos corredores, o Senado teve de tomar medidas rigorosas de limpeza. Todos serão protegidos. Serão rígidas as normas sanitárias nas dependências da chamada Câmara Alta.

Senadores, visitantes e servidores receberão cartilha com instruções de limpeza, enviadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Aquários foram lacrados. Telas embrulhadas. Flores cobertas de plástico. Alimentos protegidos com papel laminado. Para não contaminar os pedidos, o serviço de delivery passará a ser entregue por drones.

A Mesa Diretora do Senado, atenta aos rigores do meio ambiente e da salubridade, construiu um banheiro exclusivo para o cuecão. Com ducha poderosa, vaso sanitário de ferro e sabonetes internacionais.

BLINDADO DE LUXO – Para não contaminar os motores e estofamentos de couro dos carros dos senadores, o  prestativo presidente reeleito do Senado, Rodrigo Pacheco, presenteará Chico Rodrigues com um moderno blindado de 4 portas à prova de maus odores. Exclusivo. Um luxo.  A sala do Conselho de Ética foi pulverizada, esterilizada e aromatizada com pétalas de rosas, com as cadeiras guardando distância entre os senadores.

Os senadores no “Túnel do Tempo” receberam máscaras fabricadas pelo Instituto Butantã e oferecidas pelo governador Tarcísio Freitas.  Bolsonaro mandou dos Estados Unidos pacotes de fraldas geriátricas. Da cota pessoal do ex-presidente.

Agora precavido, nosso senador não deseja mais ser surpreendido pela Polícia Federal caso volte a guardar dinheiro dentro da cueca. Servidores que cuidam da arrumação e limpeza do plenário, juram que viram o busto de Ruy Barbosa tapar o nariz de vergonha. Com a #nojo.

É preciso punir com todo rigor os garimpeiros ilegais e os golpistas trapalhões

Garimpo ilegal polui as águas e cria crateras na floresta

Vicente Limongi Netto

Fatos se sucedem, pantomimas e acontecimentos são destaques, mas há boas pautas. Cito uma delas: o governo Lula deveria pedir ajuda ao ex-presidente Fernando Collor, que no exercício da chefia da nação expulsou a corja maldita de garimpeiros do território yanomami.  Collor agia com firmeza e determinação. Bandido não se criava na gestão dele.

Lula precisa agir rápido, para ontem, como Collor, se realmente quiser botar ordem naquela região. Indígenas são maltratados, escorraçados, passam fome e sede, sem saúde e remédios, e, soube-se agora, adolescentes são estupradas pelos garimpeiros canalhas, covardes e ordinários.

EXPULSÃO IMEDIATA – Esses garimpeiros são monstros que precisam deixar as terras que não são deles. Por determinação legal, pertencem ao povo yanomami. É preciso expulsá-los, mesmo que seja na força. No cacete, com bombas, granadas, metralhadoras, tanques e outros armamentos pesados.

Eles barbarizam a região, mas permanecem impunes, destruindo e humilhando nossos indígenas. Estão debochando das autoridades federais, com a conivência do estúpido e omisso governador de Roraima.

Garimpeiro ilegal é repugnante e desprezível. Para onde vão, é problema das autoridades policiais federais. Por mim e seguramente para milhões de brasileiros, deveriam ser punidos exemplarmente com prisão, antes de irem para os quintos dos infernos.

OUTRA PAUTA –  Golpistas são desprezíveis,  também merecem mofar na cadeia. No Brasil, além de facínoras, baderneiros e vândalos, trata-se de golpistas trapalhões. Chafurdam na canalhice. Sem neurônios. Dão tiros nas patas imundas. Tropeçam na própria mediocridade.

O quarteto de debiloides, formado por Do Val, Daniel Silveira, Valdemar Costa Neto e Anderson Torres, a serviço do genocida que fugiu para Orlando, agora tenta livrar a própria cara. Dois deles já estão em cana. O senador e o presidente do PL, ainda soltos, tentam confundir a opinião pública com versões malucas e patéticas. São canastrões de chanchadas golpistas.

Por sua vez,  o ministro Alexandre de Moraes, que não teme nem dá trégua para marginais,  já mandou Do Val se explicar direitinho. Hora de chumbo grosso e cadeia na horta dos bazofeiros e energúmenos trapalhões. Faltará Lexotan no porão torpe da politicagem, como observou o ministro do STF, Gilmar Mendes.4

É triste constatar a desfaçatez e o oportunismo da maioria dos políticos brasileiros

Na carona de Bolsonaro, Marinho conseguiu se tornar senador

Vicente Limongi Netto

Político gosta de aparecer. Mesmo como pingente dos fatos. Político medíocre faz tudo para sair da escuridão da alma ruim e pegajosa. Não importa se atropelando o bom senso, a paciência e a inteligência alheia. Político ruim não tem argumentos.

Acostumado a armar palanque para buscar lampejos de luz. Usa e abusa das redes sociais para tentar seduzir figuras torpes e vesgas como ele. Aproveita eleições para azucrinar ouvidos de pessoas que não lhe dão nenhuma importância. Não tem senso de ridículo.

DOIS EXEMPLOS – Mariposa de holofotes fáceis. Não pode ver um foco de luz que fica indócil, fantasiado de homem público exemplar. Exemplos do melancólico e ridículo perfil de vestais grávidas são os senadores Eduardo Girão e Rogério Marinho. Reis da pantomima.

Usaram a eleição para a presidência do senado para despejar insultos levianos e grosseiros na Câmara Alta, nos colegas e no candidato reeleito, Rodrigo Pacheco. Venceu o melhor, o mais preparado.

Patéticos e grotescos, Girão e Marinho levaram como lição boa surra nas urnas.  Apelaram feio, em busca de votos. Colocar uma melancia na cabeça seria menos enfadonho. Presepeiros, sem competência para presidir o Senado. O genocida Bolsonaro bancou Girão e Marinho. Quebraram as fuças.

URGENTE: Jornalista Gloria Maria, da Gobo, morre aos 73 anos | Revista Fórum

Glória Maria sabia se reinventar, a cada momento da vida

GLÓRIA ETERNA – A múltipla jornalista Glória Maria partiu feliz. Como repórter, editora e apresentadora, sempre a mesma competência.

Deixou legado de aplicação, coragem, firmeza de atitudes, carisma, sabedoria, energia,  respeito e amor ao jornalismo. Na toda-poderosa Globo, tornou-se sinônimo de audiência. Quando atuava no Fantástico, sempre que se iniciava a transmissão de suas magníficas reportagens, o Ibope imediatamente subia. Por tudo isso, era intocável dentro da emissora dos Marinhos.

Ao fechar na outra esfera, Glória Maria foi logo instalando seu estúdio no condomínio das estrelas e pautou o Todo Poderoso e Rei Pelé para saberem das novidades.

Senador Marcos do Val perde a confiabilidade, porque já começou a dar o dito pelo não dito…

Marcos do Val alterou versão sobre plano para impedir posse de Lula.

Marcos do Val alterou sua narrativa sobre o plano golpista

Roberto Nascimento

O surpreendente senador Marcos do Val (Podemos-ES), depois de aprontar uma crise política gravíssima, deu novas declarações nesta quinta-feira, dia 2, mudando o que tinha anunciado e agora diz aos jornalistas que não vai mais renunciar. Revelou que o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), o Zero Um, foi ao seu gabinete pedir para ficar.

É muito estranho, porque nas páginas amarelas da Veja ele acusa o ex-presidente Jair Bolsonaro e o ex-deputado Daniel Silveira (PL-RJ) de o terem envolvido numa trama golpista que envolvia a gravação clandestina de palavras do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo.

CIA, KGB E ABIN– É muito estranho isso, porque de repente Marcos do Val passou a atacar também ataca o presidente Lula e o atual ministro da Justiça, Flávio Dino.

A confusa narrativa do senador dá a entender que o senador trabalha ora pela CIA, ora pela KGB. E, nas horas vagas, faz bico na ABIN.

Concluo que Marcos do Val não deve ser levado a sério, porque é um personagem pastelão. Ao que parece, essa nova direita extremista quer levar o Brasil para o fundo do poço e quando chegar lá, se lograrem êxito, não volta para a superfície. Mas ainda acredito que os homens de bem não vão deixar o país sair do rumo.

AGENTES DO MAL – Da mesma forma, o presidente do PL, ex-presidiário Valdemar Costa Neto, com suas declarações sobre a existência de várias minutas do golpe contra a democracia, para manter Bolsonaro no poder, tem objetivo de confundir as investigações e desviar o holofote que estava virado para o ex-ministro da Justiça de Bolsonaro, Anderson Torres, que foi nomeado pelo governador do DF, Ibaneis Rocha, para Secretaria de Segurança do DF.

Torres deixou as forças policiais sem eira nem beira, liberou nove comandantes de Batalhões, numa espécie de férias coletivas e viajou para Orlando, às vésperas do caos na Praça dos Três Poderes, com aquele bando de vândalos, quebrando tudo que viam pela frente.

Valdemar Costa Neto, o chefe do PL, também contestou as urnas eletrônicas, sem nenhum fato que corroborasse as suspeitas de fraude. Quando levou uma traulitada do presidente do TSE, que multou o partido e bloqueou as conyas, ele se arrependeu, afirmando que não deveria ter atendido o pedido de Bolsonaro para entrar com a contestação. É sempre assim, com certas figuras, que no sufoco entregam a própria mãe às autoridades.

Precisamos agradecer ao Alto-Comando do Exército por não ter aceitado o golpe

Exército emite nota interna em defesa de generais do Alto Comando chamados  de comunistas - Estadão

General Freire Gomes comandou a rejeição ao golpe

Roberto Nascimento

Tenho repetido à exaustão sobre o perigo que o país correu no final desses quatro anos de tragédia grega. O ápice foi o ato golpista do dia 8 de janeiro, na Praça dos Três Poderes. Porém, duas tentativas anteriores também fracassaram, quando o golpe estava pronto para ser desfechado, mas faltou o principal – o apoio do Alto-Comando do Exército.

O primeiro ato foi o vandalismo em Brasília na noite de 12 de dezembro, quando Lula e Alckmin foram diplomados como presidente e vice, não havia recursos pendentes na Justiça Eleitoral para impedir a posse.

VANDALISMO IMPUNE – Na noite/madrugada de 12 para 13 de dezembro, os manifestantes bolsonaristas incendiaram cinco ônibus, depredaram outros sete, destruíram vários automóveis, saíram arrebentando o que viam pela frente, invadiram um posto de gasolina, roubaram 40 botijões de gás e tentaram incendiar o local.

O vandalismo durou horas, mas ninguém foi preso. A Polícia Militar assistiu a tudo, inerte, como se estivesse protegendo os agitadores bolsonaristas.

No dia 24, véspera de Natal, o vandalismo virou ato terrorista. Colocaram uma bomba-relógio num caminhão de combustível para explodir no estacionamento do Aeroporto de Brasília. A bomba foi ativada, mas, felizmente, falhou. Seria uma tragédia, acompanhada de incêndios e mortes. E esse caos se tornaria a senha para o golpe, através da decretação do Estado de Defesa.

MINUTA DO DECRETO – O documento do decreto já estava redigido, praticamente pronto para ser assinado por Bolsonaro, e foi encontrado em busca e apreensão na casa do ex-ministro da Justiça, o delegado federal Anderson Torres, que já está preso.

As apurações, ainda em sigilo, apontam para um advogado carioca, que teria redigido a minuta  golpista, um jurista melhorou o documento a luz da Constituição e o golpe tinha apoio de parlamentares e do braço militar, a chamada ala frotista, assim chamada por serem herdeiros do radicalismo do general Sylvio Frota.

Na calada da noite, Bolsonaro e a cúpula frotista, formada por seu candidato a vice, general Braga Netto, e pelos ministros da copa e cozinha do Planalto, Luiz Eduardo Ramos e Augusto Heleno, reuniram-se em mais de uma ocasião para discutir a minuta e o momento propício para sua execução, através da decretação do Estado de Defesa. No entanto, a bomba não explodiu no Aeroporto, o plano golpista foi novamente adiado;

ÚLTIMA CHANCE – A invasão da Praça dos Três Poderes foi a tentativa derradeira. A cúpula golpista esperava que o presidente Lula usasse o artigo 142 da Constituição e convocasse as Forças Armadas para restabelecer a ordem pública. Mas Lula não nasceu ontem, e a insurreição morreu ali mesmo.

Só escapamos de um golpe devido ao espírito público de patriotas de verdade, que pensaram no futuro da pátria. Em dezembro, quando o Exército ainda estava sob comando do general Freire Gomes, o Alto-Comando se recusou a aceitar o golpe. Aos generais da cúpula devemos a estabilidade institucional que o país está retomando.

Quanto aos traidores da democracia, um dia eles vão prestar contas e suas consciências irão martelar os neurônios, até o último suspiro de cada personagem. Homens menores, sem sangue nas veias e de almas frígidas, estão destinados a vagar no último girão do Inferno de Dante. São militares de péssima categoria, sem qualquer compromisso com a pátria que juraram defender.

Militares golpistas querem anistia, porque sabem que desonraram a farda e a patente

DefesaNet - Presidência da República - Gen Etchegoyen - Exército não vai ampliar a participação no governo

General Etchegoyen defende a anistia ao militar golpista

Roberto Nascimento

Que figura medieval e autocrática é esse general de pijama chamado Sérgio Etchegoyen, que não se envergonha de vir a público defender anistia para os militares golpistas. Ora, esse ex-chefe militar não deu um pio quando Bolsonaro armou o golpe e o desrespeito à Constituição. Ficou mudo, certamente porque concordava com a pregação antidemocrática do então presidente.

Os golpistas têm um vício de origem que faz com que tramem até mesmo contra seus pares, como os chamados frotistas (seguidores do general Sylvio Frota) fizeram contra os generais-presidente Ernesto Geisel e João Figueiredo, que tiveram de enfrentá-los para possibilitar a redemocratização do país.

QUESTÃO DE HÁBITO – Ora, se tentaram o golpe contra o regime militar, lógico que iriam fazê-lo também contra o regime democrático, porque a ânsia deles pelo poder é irrefreável, uma questão de hábito.

Os frotistas conspiram contra qualquer governo, militar ou civil, que não siga suas ideias totalitárias. Por isso, não tenho dúvidas de que essa praga golpista continua de pé. Eles não vão descansar enquanto não derem o golpe, mesmo que tenham de matar outros brasileiros que não pensam como eles. São adeptos do pensamento único, assim como os stalinistas, pois agem como se fossem irmãos siameses da esquerda extremada.

Quer dizer que o bravo Etchegoyen sustenta anistia para criminosos, vândalos, depredadores do patrimônio público? Mostra ser um militar destemido, pois não tem medo do ridículo.

FAZER POLÍTICA – Esses processos que estão sendo abertos contra os brasileiros civis e militares golpistas, que invadiram e vandalizaram as sedes dos três Poderes, não são direcionados às Forças Armadas. Na verdade, os militares conspiradores é que desonram a farda. Se desejam participar da política partidária e seguir um mito qualquer, devem ir para a reserva, tirar a farda e usar o terno. Mas Etchegoyen acha que todos devem ser anistiados, mesmo tendo desonrado a farda e a patente militar.

O senado eleito Hamilton Mourão também é da linha dura, já pregou golpe no Sul, fez campanha para senador usando o nome “general Mourão”. Ou sejam entrou na política partidária, mas não despiu a farda. Usa a patente do Exército para seus propósitos particulares. Se ele fizer algo errado, é o nome da Força Terrestre que fica na berlinda, no holofote.

O Exército é a garantia da unidade nacional. Mas, os militares golpistas estão pouco se importando, pois quem prega golpe flerta com a divisão e a guerra civil, um cenário em que todo o povo brasileiro perde. E, a gente sabe, quem ganha são as potências estrangeiras, loucas para assumir o espólio da tragédia.

Ao depor, Anderson Torres terá de revelar como a minuta do golpe foi parar na casa dele

Entenda por que Anderson Torres foi preso pela Polícia Federal

Depoimento do ex-ministro é considerado fundamental

Roberto Nascimento

A chamada minuta do golpe, encontrada na casa do delegado Anderson Torres, ex-ministro da Justiça de Bolsonaro, foi elaborada por diversas mãos golpistas. O delegado federal não pode pagar sozinho pela aventura, pois os comparsas antidemocráticos estão entrincheirados no Legislativo, no Executivo e no Judiciário, além dos empresários que financiaram o golpe.

Os brasileiros escaparam de um regime autoritário implacável, porque representantes da onipresente linha dura militar declararam, em várias ocasiões, que o erro do golpe de 1964 foi ter sido benevolente demais, apesar da comprovação de numerosos casos de tortura e assassinato de presos políticos.

VINDO À TONA – Os fatos escabrosos da atual tentativa de golpe começam a vir à tona, clareando a participação dos principais envolvidos, e as investigações já estão chegando aos financiadores desse movimento contra a democracia.

Para sorte do Brasil, os militares fiéis a Constituição ainda são maioria e não aderiram à sede de poder de Bolsonaro e de sua entourage militar e civil.

Ficou claro que o então presidente teve de recuar e não quis assumir sozinho a decretação do “estado de defesa”. Seu objetivo era mesmo a intervenção das Forças Armadas, para anular as eleições e prender meio mundo, de modo a justificar sua eternização no poder.

AMADORISMO GROTESCO – Importante assinalar que parlamentares, empresários, juristas e militares da linha dura estavam mancomunados nessa teia do mal contra a nação, que somente não seguiu adiante devido à discordância do Alto-Comando do Exército.

A minuta do decreto golpista demonstra o amadorismo grotesco de quem elaborou aquela insanidade. Com o depoimento do ex-ministro Anderson Torres, nesta semana, certamente ficaremos sabendo quem foi o autor de uma manobra que tinha tudo para dar errado, porque o estado de defesa ou estado de sítio precisam ser aprovados pelo Congresso, e essa possibilidade era e é inexistente. Liderados por Arthur Lira (Câmara) e Rodrigo Pacheco (Senado), os parlamentares jamais referendariam essas medidas de exceção.

O delegado federal Anderson Torres nega a autoria. Isso significa que terá de apontar quem lhe entregou a minuta, à época em que comandava o Ministério da Justiça. É um capítulo crucial nessa novela do golpe que quase foi cometido contra a democracia.

Atentados do domingo só ocorreram porque todos os setores de segurança fracassaram

Atentado à democracia, associação criminosa e mais: entenda possíveis  acusações judiciais a bolsonaristas por atos em Brasília | Política | O  Globo

Soldado apeado e agredido diante da estátua da Justiça

Roberto Nascimento

Um reparo sobre as saucessivas entrevistas do ministro da Justiça, Flávio Dino, para atualizar as ações do Ministério sobre as prisões dos vândalos. Considero que são didáticas e muito bem conduzidas. Dino passou em primeiro lugar no concurso para juiz federal, do qual Sérgio Moro também passou, logo Flávio Dino tem expertise na Ciência do Direito, foi governador do Maranhão por dois mandatos, enfim, seu protagonismo tem gerado ciúme na ala petista do governo.

Se pudesse, diria para ele tomar cuidado para não repetir o erro do ministro da Saúde do governo Bolsonaro, Henrique Mandetta, que na pandemia era a voz diária do governo, chegando a atingir 80% de popularidade. Bolsonaro, enciumado, demitiu seu ministro.

ATOS DE VANDALISMO – Quanto aos atos de vandalismo deste domingo, a falha da segurança foi geral, ampla e Irrestrita. Dino errou por ter confiado no governador de Brasília, Ibaneis Rocha, filiado ao MDB, mas fechado até a alma com os objetivos do Bolsonaro.

Ocorreu uma tragédia anunciada, que vinha sendo preparada desde 2018 e o ensaio geral ocorreu no Sete de Setembro de 2021, com o discurso golpista de Bolsonaro na solenidade militar. Tentou novamente um ano depois no Sete de Setembro de 2022, em Copacabana, porque os chefes militares não concordaram com o ato em Brasília.

Já havia tentado em frente ao Forte Apache também em 2021, quando sobrevoou de helicóptero e depois desceu e participou de uma manifestação de apoiadores em frente ao Quartel- General. O ministro da Defesa e o comandante do Exército não concordaram e Bolsonaro os demitiu, nomeando subordinados que pensavam como ele.

SEM JUSTIFICATIVA – As falhas foram tantas, que não têm justificativa. O secretário de segurança nomeado pelo governador, Anderson Torres, (ex-ministro da Justiça de Bolsonaro, viajou de férias para Orlando, nos EUA, para se encontrar com o ex-presidente. Antes, trocou um profissional especialista em sublevação e antiterrorismo.

Comandantes de batalhões da PM do Distrito Federal não estavam em Brasília. O secretário de Segurança substituto, interino de Anderson Torres, disse ao governador que estava tudo tranquilo, numa boa, sem problemas. Não estava.

E o Gabinete de Segurança Institucional no Planalto agiu com leniência diante dos vândalos e policiais mutantes foram filmados guiando os bandidos para áreas sensíveis do Planalto e do Congresso.

VANDALISMO ANTERIOR – Além de tudo isso, não foram levados em conta os atos de vandalismo do dia 12 de dezembro e a tentativa de explodir uma bomba no Aeroporto de Brasília, que só não ocorreu devido à incompetência dos autores e à ação rápida da PM.

Portanto, o ministro Dino é um elo da corrente, que tem a sua cota-parte, porém a tragédia anunciada foi negligenciada por todo o governo Lula, que não teve a malícia suficiente para perceber a armadilha montada contra o Estado de Direito.

Se aquela bomba explodisse no dia 12 de dezembro e o ataque dos vândalos de oito de janeiro resultasse em mortes e feridos, a Primavera brasileira (ou Verão Antidemocracia) seria deflagrada e os esquerdistas, jornalistas, artistas, intelectuais etc… seriam novamente encarcerados nos porões dos quartéis com passagem de ida, sem direito a nada.

SOB AMEAÇA – O perigo ainda existe, é latente e vai durar por muito tempo. Qualquer deslise do novo governo, o Estado será outro, forte, autoritário, mortífero e sem nenhuma possibilidade de reação da sociedade.

No golpe de 1964, as forças democráticas consideravam lunáticos aqueles que diziam da preparação da deposição de João Goulart. Pois bem, em 31 de março, as tropas tomaram as ruas do país e a ditadura furou longos 21 anos.

Todo cuidado ainda é pouco, é preciso cautela e pensar o que podemos fazer para não provocar a fera com vara curta. Por falar nisso, o papel dos militares legalistas que não foram na onda do golpista e não aderiram ao golpe com Bolsonaro no Poder deve ser preservado e enaltecido. Esses militares legalistas estão no controle, mas, podem perde-lo, se as Forças Armadas e o atual ministro da Defesa forem atacadas pelos políticos.