Lula humilha Alckmin, ao transformar Janja numa vice-presidência “ressignificada”

Charge do Jonilson Souza (O Antagônico)

Carlos Newton

A humilhação a que o presidente Lula da Silva está submetendo o vice Geraldo Alckmin faz lembrar o atentado a Ronald Reagan em 30 de março de 1981, 69 dias após ter assumido a presidência dos Estados Unidos, quando levou um tiro no peito ao deixar um compromisso público no Washington Hilton Hotel. O presidente Reagan e três outros membros da sua equipe foram baleados pelo jovem John Hinckley Jr., de 26 anos, que tinha problemas mentais e obsessão com o filme “Taxi Driver” e a atriz Jodie Foster.

Reagan, que tinha 70 anos, sofreu uma perfuração no pulmão, mas resistia a ser operado, para não tomar anestesia geral e ser obrigado a transmitir o cargo ao vice George Bush (pai). Os médicos prometeram operá-lo com anestesia local, deram uma embromada e o apagaram. Não se sabe bem o motivo, mas Reagan tinha horror ao vice Bush, que tinha sido diretor da CIA (Agência Central de Inteligência) e poderia ter informações sigilosas sobre ele.

O CASO LULA – Quatro décadas depois, o presidente Lula precisou ser operado, tomou anestesia geral, mas não aceitou transmitir o cargo ao vice Geraldo Alckmin, que nunca foi diretor da CIA nem da Abin, sabe muito bem o que Lula fez no verão passado, digamos assim, mas tem manifestado uma comovente lealdade a ele.

No caso do presidente brasileiro, a situação era bem mais grave do que a cirurgia de Reagan, de fácil recuperação. Tiraram o projétil, costuraram o pulmão dele, e um abraço. Já no caso de Lula, ele ainda vai demorar até 10 semanas para se livrar das dores no quadril, e sua recuperação total pode levar entre três e quatro meses, segundo o cirurgião Giancarlo Polesello.

Ao invés de colocar o neoamigo Alckmin para substituí-lo, conforme manda a Constituição, Lula preferiu dar posse informal à primeira-dama Janja da Silva, que viajou sexta-feira para o Rio Grande do Sul como chefe da comitiva de ministros e dirigentes de estatais encarregados de socorrer os flagelados das enchentes.

UMA NOVA EVITA – Ao que parece, Lula pretende transformar Janja numa nova Evita (ou Isabelita), conforme publicou na Tribuna o articulista gaúcho Duarte Bertolini. Se for isso, o presidente Lula está no caminho errado.

No primeiro mandato, o caudilho argentino Juan Perón usou Evita para socorrer os pobres, que ela chamava de “descamisados”. Em seu segundo mandato, já viúvo de Evita, Perón foi derrubado por um golpe militar em 1952. De volta do exílio, colocou Isabelita, ex-dançarina, como vice de sua chapa em 1973. Venceu a eleição, mas deu tudo errado. Perón morreu em 1º de julho de 1974, Isabelita assumiu sem ter as menores condições para governar, foi derrubada em março de 1976 e expulsa do país.

Se não deu certo para Perón, agora Lula quer repetir a dose com a “ressignificada” dona Janja, escanteando Alckmin na vice-presidência. É claro que isso não vai funcionar, mas no Brasil os socialistas refinados são capazes de tudo. E o amor é lindo.

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P.S.
Enquanto isso, a receita do governo cai pelo terceiro mês seguido, o déficit público aumenta, a dívida também cresce ameaçadoramente, e dona Janja ainda não disse como pretende resolver a crise econômica. (C.N.)

19 thoughts on “Lula humilha Alckmin, ao transformar Janja numa vice-presidência “ressignificada”

  1. Rapaiz, o que será que se fala nos bastidores da “minor court” desta situação? Sempre tem alguém lá palpitando em tudo da política e agora nada?

  2. Por enquanto não há nada disso que CN tenta colocar.

    Aliás, críticas são sempre bem vindas, mas que sejam de qualidade, construtivas, As destrutivas devem ser deletadas, pois não constroem nada, ao contrário.

    Janja veio ao RS, após a vinda de Alckimin. Coisa bem natural, pois Lula errou quando esteve ausente.

    Quanto à divida pública, quando não cresceu? Como fazer para zerar o déficit primário (pois o nominal, parece impossível de resolver), sem imputar o sacrifício aos mais necessitados como sempre? Não vale dizer que as privatizações resolvem, pois são receitas não recorrentes.

  3. Na falta de pauta para a direitinha patriótica atacar o presidente Lula, temos sempre as seguintes opções:
    – difamar a primeira dama;
    – criticar as viagens do Lula para costurar acordos comerciais aniquiladas pela administração anterior;
    – repudiar a distribuição de recursos e cargos ao centrão, como se não vivêssemos num presidencialismo de coalizão;
    – insistir numa teoria terraplanista de conspiração de golpe contra si próprio;

  4. “Propósitos!”
    Há “dendos”, em:
    “Boletim de 19/9/2023: (1) Presidente-executivo da Apple aparece em um vídeo publicitário em que defende a eliminação de toda a humanidade! (2) Donald Trump emitiu uma declaração concisa em que pergunta por que os judeus americanos progressistas estão colocando os EUA na mira para a destruição por meio das políticas Democratas. ”
    Novo em 1/10! https://www.espada.eti.br/bol-2023-09-19.htm

  5. O artigo e a nota de rodapé do Carlos Newton, certamente, indubitavelmente, peremptoriamente não agradou nem vai agradar aos socialistas refinados.
    O senhor CN vai remando a favor e contra a correnteza se quiser aplauso posta um artigo onde se mete a ripa na cacunda do Bolsonaro e se quiser vaia posta matéria metendo a tala na cacunda do Loola.
    Mas que essa bagaça todo é divertida, ISTO É.
    Não sonho mais.
    Ao pé da ribanceira
    Acabou-se a liça
    E escarrei-te inteira
    A tua carniça
    E tinha justiça
    Nesse escarrar
    Te rasgamo a carcaça
    Descemo a ripa
    Viramo as tripa
    Comemo os ovo
    Ai, e aquele povo
    Pôs-se a cantar

  6. Lula ficou 3 dias no hospital. Dor não impede ninguém de governar, que precisa usar apenas a cabeça e caneta. Alias, Lula já vinha há tempos governando com dor.
    Querer igualar Lula à Bolsonaro não vai colar. Ainda que Lula não seja o presidente ideal, mas é mil vezes melhor que o “mito” de meia tigela

  7. Discordo! Isto é exagero! O Lulla não está com esta bola toda e muito menos a Janja!
    O vice-presidente é o Alckmin e isso não muda de jeito nenhum , mesmo que simbolicamente o Lulla coloque a Janja para chefiar uma comitiva seja aonde for.
    E Janja não é Isabelita, mesmo que o Lulla tenha vontade que seja. Lulla se elegeu com menos de 51% dos votos, logo ele sabe muito bem que tem que ficar muito contente se conseguir chegar até o fim do mandato e com chance de conseguir a reeleição, coisa complicada para um ancião de mais de 80 anos. . E não será empoderando a Janja que vai fazer chegar a este objetivo. muito pelo contrário.

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